Capítulo 35 - Rebeca

Durante alguns segundos fiquei ali parada sem conseguir me mover diante dela.

Rebeca! Minha primeira filha! Meio hippie, meio bruxa. Como sonhei vê-la novamente.   

Bons filhos sempre voltam! E voltam mais bonitos, mais maduros, voltam quando tem de voltar, voltam quando é pra ser. Acontece que entre o ainda-não-é-hora e o nossa-hora-chegou, muita gente se perde e Rebeca não se perdeu.

As lembranças de momentos tão felizes voltaram à minha mente como num filme lindo que nunca esquecemos. Se minha vida tivesse se resumido a esses momentos, eu já morreria feliz. Eu era tão jovem quando ela nasceu....

__ Rebeca - foi tudo o que eu consegui dizer
__ Meg....acho que vou chorar

__ Ah, vou nada, me dá aqui um abraço - essa era a minha Rebeca

Nos abraçamos fortemente e nos beijamos. Foi delicioso sentir o cheirinho de sua pele, ela parecia ainda um bebê em meus braços.

Gustave se aproximou e eu a apresentei a ele.

__ Gu, essa é minha filha

__ Nem precisava falar que é sua filha, ela é a sua cara! Mas, qual delas? Seria a Rebeca?

__ Sim, eu sou a Rebeca e você deve ser o Gustave, tem cara de francês mesmo.

Após as apresentações, Gustave gentilmente nos deixou à sós para matarmos a saudades. Nós tínhamos muito o que conversar.

Rebeca me contou sobre sua vida, ela ainda morava no velho trailer em Bela Vista na companhia do Renato. Eles não tinham filhos, como ela sempre dizia; Filhos são âncoras. Rebeca era um espírito livre!

__ E seu pai, Rebeca? Você tem visto ele? - perguntei curiosa para saber por onde andava meu querido Rafael

__ O Pai caiu no mundo, mãe. Você sabe como ele é...um andarilho. Ele deve estar viajando por terras distantes à procura de aventuras e novos conhecimentos.

Nossa conversa se estendeu durante todo o jantar. Por sorte, o Gu havia preparado peixe, pois Rebeca não comia carne vermelha. Eu fiquei observando-a orgulhosa, babando pela filha que eu tinha.

Ver Rebeca me deu saudades de Bela Vista, segundo ela a cidade continuava a mesma, sem grandes mudanças.

__ Eu estou trabalhando muito por lá. Agora assumi o posto de cigana casamenteira, além de vender os produtos naturais da minha horta, eu vendo também poções, leio cartas, vejo o futuro na bola de cristal.....

__ Sei, sei....virou uma trambiqueira, né fiota! - nunca acreditei nos poderes de bruxa da Rebeca

__ Você pode até não acreditar, mas eu sou boa nisso! Tão boa que senti que você estava passando por um momento delicado  e vim aqui para lhe trazer um presente. Não vai me perguntar o que é, mãe?