Capítulo 38 - Na companhia da filhona

Sem dúvida, Chuvisco trouxe muita alegria a nossa casa. Ele adorava brincar e estava sempre solicitando a nossa atenção.

Ele também gostava de correr pela praia e cavar buracos na areia.

Mas o melhor de um cão é a sua fidelidade. Chuvisco era como o seu avô; um cãozinho apaixonante!

A noite, quando o tempo estava mais fresco, eu o levava para uma caminhada.

Foi numa dessas caminhadas que peguei o Dudu saindo de fininho.  Seus pais provavelmente já estavam dormindo e nem imaginavam o que o malandro andava aprontando.

__ Que coisa feia, hein Dudu? Saindo escondido dos pais!!! - como boa avó que sou, não pude deixar passar

__ Nada disso vó, eu só tô saindo com educação, bem silencioso para não atrapalhar o sono dos meus pais, ué! - respondeu, mas não convenceu

__ Tá pensando que eu nasci ontem, por acaso você não tem aula amanhã cedo? Volte já pra casa ou o tempo vai fechar, Eduardo!

Voltei para casa bastante preocupada e assim que o dia amanheceu telefonei para a Re.

__ Fiota, precisamos ter uma conversa sobre o Dudu.

__ Oi Mami! Eu estava mesmo querendo falar com você - respondeu Renata - Eu terei que ir a Bridgeport amanhã para gravar umas cenas para o filme em que estou trabalhando. Ficarei por lá apenas o final de semana e queria muito que você me acompanhasse.

__Re, você ouviu o que eu disse? Eu preciso falar com você sobre o seu filho.

__ Claro que eu ouvi, eu não sou surda! Podemos conversar durante a viagem. Eu passo aí amanhã cedo, tchau! Beijinhos!

Inacreditável, ela simplesmente desligou o telefone não me dando a menor chance de argumentar. Achei aquilo muito estranho, a Re nunca me convidou para acompanhá-la em gravações de filmagens.

__ Vida, a Re me intimou a passar o fim de semana com ela em Bridge...

__ Ah que bom amor - disse Gustave me interrompendo -, vai ser ótimo para vocês passarem um tempo sozinhas.

__ Mas você nem vai me perguntar o que vamos fazer lá? - epa, agora sim a coisa estava estranha.

__ Amor, eu confio em você. Vá tranquila, eu tomo conta do Chuvisco.

Naquela noite, fomos até a casa da Re para acertarmos os detalhes da viagem. O Gu estava todo carinhoso, claro que eu gostei, mas que aquela história estava estranha, estava! Será que o Gu estava querendo me ver pelas costas?

Partimos para Bridge assim que o dia amanheceu. Durante a viagem conversamos sobre as rebeldias do Dudu. A Re estava ciente de suas saídas às escondidas e esse final de semana, segundo ela, seria bem apropriado para que o AB conversasse muito seriamente com o filho.

Estar sozinha com minha filha foi ótimo, nós estávamos precisando muito passar um tempo assim. Conversamos durante toda a viagem e já era quase meio dia quando chegamos a Bridgeport.

A casa alugada pela produção, onde ficaríamos hospedadas, era enorme; uma mansão!

O hall de entrada tinha as paredes revestidas em mármore com fontes ao redor. Se eu soubesse que o lugar era tão chic, teria vindo mais bem arrumada, pensei. Essas celebridades são tão excêntricas!

Mas, ao subir as escadas, ouvi vozes e o som de uma de minhas músicas preferidas sendo tocada ao piano.  Percebi que não estaríamos sós, como Renata havia me dito.

Eu pensei que Renata precisasse de companhia, mas pelo jeito, todo o elenco do filme estava reunido naquela casa e eu teria que passar o fim de semana aturando celebridades. Ah não, morri!